Terrorismo e mediatização –
reflexões artísticas.
Sobre media e
terrorismo.
Nos nossos dias o terrorismo conta com a
divulgação proveniente dos meios de comunicação para lhe dar força, para lhe
conferir eficácia. Sem divulgação, provavelmente, o terrorismo não existiria,
ou não teria a expressão que a alavanca mediática da transmissão em directo lhe
confere
Tomando como exemplo os atentados de 11 de Setembro, em relação ao
directo televisivo diz-nos Habernas:
«A presença das câmaras e dos meios de
comunicação social também foi inovadora, transformando o local simultaneamente
num acontecimento global e toda a população mundial numa testemunha paralisada.» (Habernas,
Jürgen, 2003, p. 61-62)
O contributo mediático dá expressão ao terror,
sendo o canal privilegiado para a transmissão da mensagem. Na actualidade o
terrorismo visa atingir a propagação generalizada do medo na população, gerando
um sentimento constante de instabilidade.
Esta relação entre meios de comunicação e
terrorismo atinge uma dimensão estratégica, na medida em que gera uma
interdependência entre as partes. Por um lado, a necessidade de divulgação mediática
que alimenta o terrorismo para que este atinja níveis de terror globais, por
outro, uma necessidade subjacente à indústria de conteúdos que reclama uma
produção desmedida por parte dos media.
Nos nossos dias a produção de informação está
integrada num enorme esquema industrial que a transforma em mercadoria. Nesse
sentido, Ignacio Ramonet aponta-nos os casos Diana e Clinton-Lewinsky como
exemplos ilustrativos desta tendência. O acidente que vitimou a princesa
originou o maior fenómeno comunicacional jamais visto, um psicodrama planetário
com vários episódios. Milhões de pessoas assistiram numa escala planetária às
exéquias de uma pessoa que até esse
dia era desconhecida para muitos. Os meios de comunicação originaram um enorme
soluço planetário.
Podemos assim aceitar que o fenómeno associado
à hipermediatização impulsiona perigosamente a recolha e a transmissão da
informação para estilos informativos regidos pela espectacularidade, tornando
difícil ao espectador a destrinça entre o importante e o acessório. Encontramos
de novo nesta constatação afinidade com Susan Sontag:
«Uma imagem é esvaziada da sua força dependendo
do modo como é usada, de onde e de quantas vezes é vista. As imagens mostradas
na televisão são por definição imagens que, mais tarde ou mais cedo, cansam. O
que parece ser insensibilidade tem a sua origem na instabilidade da atenção que
a televisão está organizada para despertar e saciar através do seu excesso de
imagens. A fartura de imagens mantém a atenção leve, móvel, relativamente
indiferente ao conteúdo. O fluxo de imagens exclui uma imagem privilegiada.» (Sontag,
Susan (2007), p.110.)
O conceito de media em nosso entender não pode
ser associado apenas á tecnologia, mas a um conjunto de actores instituídos que
no seu conjunto provocam influência na percepção do seu conteúdo, devido tanto á
sua omnipresença como á hipnótica aceitação da sua mensagem por uma enorme
quantidade de cidadãos, podemos considerar que estamos assim perante um
fenómeno gerador de uma “consciência” global.
O valor dado pelas grandes cadeias noticiosas
ao estilo editorial é um cunho que individualiza um estilo, um género que dá
forma a uma imagem de marca, algo manifestamente intocável na actual batalha de
audiências. Esta reflexão incide nas consequências que essas directrizes podem
produzir numa possível adulteração e saturação da informação, sabendo que o
estilo editorial pode condicionar através da manipulação da forma, do tom e até
da estética da informação.
Acerca desta questão, Ignacio Ramonet
interpreta o termo saturação como veículo de uma renovada censura. Esta, por
oposição à censura autocrática, já não assenta na supressão ou no corte, na
amputação ou na proibição de dados, mas na acumulação, na saturação, no excesso
e na superabundância de informações.
Susan Sontag no seu livro Olhando o
Sofrimento dos Outros, apresenta-nos alguns episódios que reforçam a
suspeição acerca do tema manipulação, entre os quais se destaca a famosa
fotografia do levantar da bandeira americana em Iwo Jima em 23 de Fevereiro de
1945. Esta fotografia revelou-se uma reconstituição feita por Joe Rosenthal,
fotógrafo da Associated Press, que aproveitando melhores condições de luz e
escolhendo um “adereço” mais apropriado – uma bandeira de maior
envergadura – recriou as condições ideais para a sua produção.
Ignacio Ramonet oferece-nos também o seu
contributo para este tema recordando o caso encenado da falsa vala comum de
Timisoara na Roménia, além de outras afirmações dadas como correctas em 1991
durante a guerra do Golfo, ainda hoje carecendo de confirmação.
É nossa convicção que o sentimento provocado
por esta massificação tende cada vez mais a ser banalizado, sendo a afecção de
revolta e agonia rapidamente substituída por outra distinta, por via da
recepção de novos e distintos conteúdos informativos. O pathos é assim
facilmente substituído pelo apelo à compra por via do compromisso comercial, ou
pela última notícia escaldante relativa à intimidade de um personagem
conhecido. Por outras palavras, o que há pouco era gerador de agonia tornou-se
efémero, dando lugar à assimilação da informação seguinte.
Podemos concluir que a forma como assimilamos a
informação veiculada pelos meios de comunicação tende a ser inconsequente.
Várias condições podem contribuir para este fenómeno; uma delas
incorre na forma repetitiva como a mensagem é apresentada ao espectador,
condicionando e deturpando a recepção da informação noticiosa. A repetição
cíclica da imagem e a velocidade que é incutida tanto pela tecnologia como por
um “metrónomo” social, que marca a batida do ritmo de vida actual, promovem a
banalização do acto noticioso e o esvaziamento do conteúdo provocado pelo
excesso de informação.
Paul Virilio propõe a criação de um museu de
acidentes tendo como origem as numerosas imagens de acidentes difundidas pelos
meios de comunicação. Virilio introduz também o conceito de Dromologia como o
estudo sobre os efeitos que a aceleração provoca na sociedade e as suas
implicações no surgimento de uma nova cultura de percepção e visão do mundo.
Para Virilio esta observação do mundo, ou ́tele-observação`, pode padecer de um
desacerto na transmissão de informação pela ausência da observação directa dos
acontecimentos.
«A observação directa dos fenómenos visíveis é
substituída por uma tele-observação na qual o observador não tem mais contacto
imediato com a realidade observada (...) já que a ausência da percepção
imediata da realidade concreta engendra um desequilíbrio perigoso entre o
sensível e o inteligível, que só pode provocar erros de interpretação tanto
mais fatais quanto mais os meios de tele-detecção e telecomuni- cação forem
performativos, ou melhor: videoperformativos.» (Virilio, Paul, 1993, p. 23)
Paul Virilio introduz também a possibilidade de virtualização ou
ficcionamento informativos, afirmando que o espectador tem tendência a
confundir as noções de espaço real e espaço ficcionado, devido à imposição da
actuação à velocidade da luz. Segundo Virilio, o homem vive uma noção de tempo
tridimensional que origina uma alteração do conceito de trajecto e de
corporeidade, que se transformam em virtuais ou numa espécie de “presente-
ausente”, sem que a matéria lá esteja, reposicionando o acidente de local a
geral ou até global devido ao estreitamento do mundo.
Mas não é apenas Paul Virilio que nos alerta para a confusão entre
espaço real ou ficcionado. Claudia Giannetti em “La realidad de-mente y la socialización link” — nos seus
apontamentos de abordagem à lógica da conduta humana no século XXI —
transmite-nos a ideia de um ser humano exilado, que constrói a realidade
apoiando-se na “realidade” transmitida pelos meios de comunicação, tornando-se
um observador de segunda ordem, um sujeito que não observa o mundo de forma
directa, mas sempre por intermédio dos meios de comunicação. Este facto
provoca, segundo Claudia Giannetti, um processo de desarticulação do
significado, gerando modelos de «realidade de-mente».
«O observador de segunda ordem é um sujeito
exilado que constrói a sua realidade com base na realidade construída pelos
meios de comunicação; vê a realidade não pelos seus próprios olhos, mas sim
pelos olhos dos meios de comunicação. (...) Neste processo de inversão,
consolidam-se a desarticulação do significado, a fragmentação, a
superficialidade e o excesso próprios das realidades mediáticas, gerando
modelos de realidade de-mente nos sujeitos exilados.»
(Claudia, Giannetti, 2006, pp. 4-5)
O actual modelo informativo gera assim uma realidade transformada,
na qual a compreensão da relação entre o sujeito e o mundo se altera por via de
realidades ficcionadas. Para Claudia Giannetti, esse processo abre as portas ao
pós-humanismo, em que o acesso do ser humano ao mundo e às realidades é feito
mediante aparatos técnicos. O ser humano é transformado num operador de
dispositivos, descurando a aquisição de saber e dando primazia à aquisição de
dados.
Claudia Giannetti conclui também que as tecnologias de informação
impuseram o seu modelo de mundo, condição sine
qua non para a conformação de uma sociedade da informação,
uma sociedade operadora de dados. O sentido de informação ou aquisição de
conhecimentos foi alterado para um modelo de manipulação de códigos e dados
veiculados pelos meios de comunicação. Esse processo dá assim origem a uma
disfunção na compreensão da realidade por parte do sujeito.
Novos contributos artísticos - Arte – Media – Tecnologia – Terror
Os conceitos acima mencionados relativos tanto ao papel do
espectador como hipnótico operador de dispositivos como à intervenção dos media e sua forma de transmissão da
informação, saturada e veloz, são a base de reflexão para a nossa obra “Pietá Zaping dos Sentidos”.
A relação entre o media e acontecimento, deixa ao artista espaço
para uma intervenção diferente da que tinha no passado quando este descrevia e
perpectuava o acto guerreiro. Como nos afirma Boris Groys em “ The Fate of art in the Age of Terror”, a
função da arte como media da representação e o papel do artista como mediador foi completamente iliminado. O
actual guerreiro já não necessita do contributo do artista para perpectuar os
seu actos sendo estes registados e descritos e narrados por vezes em direto
pelos media actuais.
Em nosso entendimento o contributo do media retirou ao artista a função de descrição e questionamento do
acto sendo este transferido para as imagens difundidads pelos mass media. Esta
relação directa entre media e terror permite á arte contemporânea uma
intervenção centralizada no questionamento sobre os meios de transmissão da
mensagem e as suas consequências na recepção por parte do espectador.
O artista pode ocupar agora um lugar na esfera do ativismo
intervindo e refletindo sobre a tecnologia e no verdadeiro impacto que os mass media tem na nossa cultura. A nossa
obra Pietà – Zapping de Sentidos é
sustentada nesses pressupostos.
Alguns artistas contemporâneos demonstraram no seu trabalho
semelhantes preocupações às de Pietà – Zapping de Sentidos. Iván Marino
e Thomas Hirschhor recorrem igualmente a imagens reais veiculadas pelos meios
de comunicação e ambos demonstram a sua inquietude relativamente aos
dispositivos de transmissão e seus conteúdos.
Marino, na sua obra generativa Sangue (2006)[1], inserida na serie Os Desastres,
recorre a imagens reais de um bombardeamento mostrado de forma aleatória por
intermédio de um algoritmo especialmente programado para a peça. Marino, também
questiona a noção de realidade e a reestruturação da narrativa transmitida
através do media.
Hirschhorn[2] recorre ao imaginário da violência com base em
fotografias provenientes de meios de comunicação. Para Hirschhorn, simplesmente
saber ou conhecer não é suficiente; é necessário ver de modo a criar uma
envolvência efectiva. Hirschhorn questiona a perda da capacidade de reacção em
relação aos actos de barbárie e à incapacidade de actuação por parte daqueles
que assistem ou testemunham estes acontecimentos.
As interferências artísticas que influenciam a produção de Pietà
– Zapping de Sentidos não se encontram apenas em obras da actualidade. Nam
June Paik na sua obra Global Groove (1973) antecipa a televisão do
futuro como dispositivo de comunicação global, num mundo saturado de imagens
mediáticas. Paik apresenta nesta obra uma colagem alucinante de imagens de
iconografia pop, saturadas na cor com o intuito de subverter a linguagem
televisiva.
Por outro lado, o colectivo Ant Farm, na sua obra The Eternal
Frame (1975), reencena o assassinato de John Kennedy, antecipando uma das
actuais características da notícia televisiva: o dramatismo como um novo tipo
de evento televisivo.
Doug
Hall também em Amarillo News Tapes
(1980) e This is the Truth (1982)
contesta a noção de verdade e manipulação no contexto dos media.
As imagens da nossa videoinstalação começam por
se apresentar “cruas” e muito próximas do que consideramos uma representação
realista. A proximidade do espectador altera a imagem projectada dando origem
a uma sequência repetitiva e saturada de informação até atingir o
imperceptível.
Pietà –
Zapping de Sentidos, emprega uma estética audiovisual que acentua a
saturação da imagem a fim de reforçar o sentimento de dramatismo. Esta
saturação pictórica encontra uma ligação conceptual com a saturação da
informação própria dos meios mediáticos.
A sua opção estética baseada na repetição,
saturação e velocidade encontra eco na interpretação de Ignacio Ramonet, que
analisa a saturação e a superabundância de informação como um estereótipo de mercadoria
multiplicada da indústria cultural. Esta superabundância de informação
torna-se, assim, geradora de um novo tipo de censura, potenciadora de um
poderoso factor de apatia e inércia que conduz o espectador ao imobilismo e ao
desinteresse.
A videoinstalação Pietà – Zapping de
Sentidos, pretende provocar uma reflexão acerca do teledrama, o acto de
transmissão do drama pelos meios de comunicação.
A nossa reflexão incide nas consequências do acto terrorista, dando
forma ao conceito de Zapping de Sendidos, sustentado pelo somatório dos
seguintes factores: a conduta humana perante o drama gerado por actos
terroristas; a banalização do acto de assistir ao drama em directo pelos media;
as condutas editoriais geradoras de manipulação mediática; o esvaziamento do
conteúdo noticioso provocado pelo excesso de informação; e a velocidade com que
a informação noticiosa é substituída por outra distinta devido à
obrigatoriedade de compromissos comerciais.
Pietà –
Zapping de Sentidos pretende abordar de uma forma pessoal e crítica a conduta humana e
o seu comportamento em situações de drama gerados por acções de terror.
Para uma melhor compreensão desta justificação
conceptual damos a conhecer alguns aspectos formais da obra. Pietà – Zapping
de Sentidos é uma videoinstalação que integra elementos do universo
hospitalar. Uma cadeira de rodas e uma maca, sendo esta última o suporte
receptor de uma vídeo projecção. A solução formal da obra assume uma relação
com a geometria da escultura de Miguel Ângelo — La Pietà —, sendo que a
cadeira é representativa da Mãe, e a maca onde se encontra assente está
dividida em três planos, representando o corpo do Filho no seu colo.
A videoprojecção é composta pela projecção de
dois vídeos que ocorrem em dois momentos distintos. O vídeo inicial está sempre
presente até surgir um espectador à distância de dois metros da
videoinstalação. Essa presença dá origem à projecção de um segundo vídeo, cuja
velocidade aumenta conforme a proximidade do espectador. A solução estética
proposta no primeiro momento de projecção não pretende ter qualquer carácter
narrativo, sendo composta por um ciclo repetitivo de imagens representativas de
“ruído” visual.
Pietà –
Zapping de Sentidos aborda, desta forma, a ausência de conteúdo veiculada pelo media televisão
e a sua eficácia comunicacional.
Em Pietà – Zapping de Sentidos o
significado de inocência é representado pela imagem da criança, sendo este o
elemento dominante da segunda videoprojecção.
A personagem criança encontra-se continuamente representada
nos braços de alguém após ter sido alvo de um acto de terror. A situação de
estar nos braços de alguém poderá aqui assumir várias conotações, tanto de
regaço como de protecção ou piedade.
A obra assume, assim, uma relação formal com a
imagem de Cristo no regaço da Mãe, à semelhança da escultura La Pietà de
Miguel Ângelo. Sem pretender ter qualquer associação religiosa com a escultura
renascentista, a obra pode apenas identificar algumas relações comuns com a
obra de Miguel Ângelo, nomeadamente no seu valor iconográfico e na
representação do pathos associado ao momento dramático.
Relativamente à utilização de objectos do
universo hospitalar como elementos escultóricos, partimos do princípio de que
neste contexto a simbologia hospitalar está associada ao sofrimento e à dor.
Pietà –
Zapping de Sentidos promove, por isso, um despertar para a indignação, desejando
provocar um sentimento de desconforto relativamente ao crescente sentimento de
apatia e por vezes de rejeição provocados pelo excesso de informação mediática.
É nossa convicção que o sentimento provocado
por esta massificação tende cada vez mais a ser banalizado, sendo a afecção de
revolta e agonia rapidamente substituída por outra distinta, por via da
recepção de novos e distintos conteúdos informativos. O pathos é assim
facilmente substituído pelo apelo à compra por via do compromisso comercial, ou
pela última notícia escaldante relativa à intimidade de um personagem
conhecido. Por outras palavras, o que há pouco era gerador de agonia tornou-se
efémero, dando lugar à assimilação da informação seguinte.
Pietà – Zapping de Sentidos ser consustada em
http://ruilanca-inquietudes.blogspot.pt/
Imagens de Pietà – Zapping de
Sentidos.
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Representação da
relação formal entre Pietà - Zapping de Sentidos e a Pietà de Miguel
Ângelo
|
|
Imagens da segunda
videoprojecção
|
Borradori, Giovanna. Filosofia em tempo de
terror. Porto: Campo das Letras, 2004.
Giannetti, Claudia. “La razón caprichosa del siglo
XXI. La realidad de-mente y la
socialización link” in
Claudia Giannetti (Ed.) La razón
caprichosa en el siglo XXI - Los
avatares de la sociedad posindustrial y mediática. Las Palmas: Gran Canaria Espacio
Digital, 2006.
Ramonet, Ignacio. Propagandas Silenciosas.
Porto: Campo das Letras, 2001.
Ramonet, Ignacio. A Tirania da Comunicação.
Porto: Campo das Letras, 1999.
Sontag, Susan. Olhando o Sofrimento dos Outros.
Lisboa: Gótica, 2007.
Virilio, Paul. O Espaço Crítico e as
Perspectivas do Tempo Real. Rio de Janeiro:
Editora 34, 1993.
http://ruilanca-inquietudes.blogspot.pt/
[1] Marino, Iván, Sangue (2006),
da Serie Os desastres. Homepage oficial de Iván Marino, website:
http://www.ivan-marino.net/sangue.htm.
[2] Hirschhorn, Thomas, The Incommensurable Banner (2008), in:
Brighton Bienal. Memory of Fire. 3.10.2008. Homepage oficial de Brighton
Photo Biennial 2008, website:
http://2008.bpb.org.uk/2008/blog/3229/thomas-hirschhorn-the-incommensurable-banner.