quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Terrorismo e mediatização – reflexões artísticas.
Sobre media e terrorismo.
Nos nossos dias o terrorismo conta com a divulgação proveniente dos meios de comunicação para lhe dar força, para lhe conferir eficácia. Sem divulgação, provavelmente, o terrorismo não existiria, ou não teria a expressão que a alavanca mediática da transmissão em directo lhe confere
Tomando como exemplo os atentados de 11 de Setembro, em relação ao directo televisivo diz-nos Habernas:

«A presença das câmaras e dos meios de comunicação social também foi inovadora, transformando o local simultaneamente num acontecimento global e toda a população mundial numa testemunha paralisada.» (Habernas, Jürgen, 2003, p. 61-62)

O contributo mediático dá expressão ao terror, sendo o canal privilegiado para a transmissão da mensagem. Na actualidade o terrorismo visa atingir a propagação generalizada do medo na população, gerando um sentimento constante de instabilidade.
Esta relação entre meios de comunicação e terrorismo atinge uma dimensão estratégica, na medida em que gera uma interdependência entre as partes. Por um lado, a necessidade de divulgação mediática que alimenta o terrorismo para que este atinja níveis de terror globais, por outro, uma necessidade subjacente à indústria de conteúdos que reclama uma produção desmedida por parte dos media.
Nos nossos dias a produção de informação está integrada num enorme esquema industrial que a transforma em mercadoria. Nesse sentido, Ignacio Ramonet aponta-nos os casos Diana e Clinton-Lewinsky como exemplos ilustrativos desta tendência. O acidente que vitimou a princesa originou o maior fenómeno comunicacional jamais visto, um psicodrama planetário com vários episódios. Milhões de pessoas assistiram numa escala planetária às exéquias de uma pessoa que até esse dia era desconhecida para muitos. Os meios de comunicação originaram um enorme soluço planetário.
Podemos assim aceitar que o fenómeno associado à hipermediatização impulsiona perigosamente a recolha e a transmissão da informação para estilos informativos regidos pela espectacularidade, tornando difícil ao espectador a destrinça entre o importante e o acessório. Encontramos de novo nesta constatação afinidade com Susan Sontag:

«Uma imagem é esvaziada da sua força dependendo do modo como é usada, de onde e de quantas vezes é vista. As imagens mostradas na televisão são por definição imagens que, mais tarde ou mais cedo, cansam. O que parece ser insensibilidade tem a sua origem na instabilidade da atenção que a televisão está organizada para despertar e saciar através do seu excesso de imagens. A fartura de imagens mantém a atenção leve, móvel, relativamente indiferente ao conteúdo. O fluxo de imagens exclui uma imagem privilegiada.» (Sontag, Susan (2007),  p.110.)

O conceito de media em nosso entender não pode ser associado apenas á tecnologia, mas a um conjunto de actores instituídos que no seu conjunto provocam influência na percepção do seu conteúdo, devido tanto á sua omnipresença como á hipnótica aceitação da sua mensagem por uma enorme quantidade de cidadãos, podemos considerar que estamos assim perante um fenómeno gerador de uma “consciência” global.
O valor dado pelas grandes cadeias noticiosas ao estilo editorial é um cunho que individualiza um estilo, um género que dá forma a uma imagem de marca, algo manifestamente intocável na actual batalha de audiências. Esta reflexão incide nas consequências que essas directrizes podem produzir numa possível adulteração e saturação da informação, sabendo que o estilo editorial pode condicionar através da manipulação da forma, do tom e até da estética da informação.
Acerca desta questão, Ignacio Ramonet interpreta o termo saturação como veículo de uma renovada censura. Esta, por oposição à censura autocrática, já não assenta na supressão ou no corte, na amputação ou na proibição de dados, mas na acumulação, na saturação, no excesso e na superabundância de informações.
Susan Sontag no seu livro Olhando o Sofrimento dos Outros, apresenta-nos alguns episódios que reforçam a suspeição acerca do tema manipulação, entre os quais se destaca a famosa fotografia do levantar da bandeira americana em Iwo Jima em 23 de Fevereiro de 1945. Esta fotografia revelou-se uma reconstituição feita por Joe Rosenthal, fotógrafo da Associated Press, que aproveitando melhores condições de luz e escolhendo um “adereço” mais apropriado uma bandeira de maior envergadura recriou as condições ideais para a sua produção.
Ignacio Ramonet oferece-nos também o seu contributo para este tema recordando o caso encenado da falsa vala comum de Timisoara na Roménia, além de outras afirmações dadas como correctas em 1991 durante a guerra do Golfo, ainda hoje carecendo de confirmação.
É nossa convicção que o sentimento provocado por esta massificação tende cada vez mais a ser banalizado, sendo a afecção de revolta e agonia rapidamente substituída por outra distinta, por via da recepção de novos e distintos conteúdos informativos. O pathos é assim facilmente substituído pelo apelo à compra por via do compromisso comercial, ou pela última notícia escaldante relativa à intimidade de um personagem conhecido. Por outras palavras, o que há pouco era gerador de agonia tornou-se efémero, dando lugar à assimilação da informação seguinte.
Podemos concluir que a forma como assimilamos a informação veiculada pelos meios de comunicação tende a ser inconsequente.
Várias condições podem contribuir para este fenómeno; uma delas incorre na forma repetitiva como a mensagem é apresentada ao espectador, condicionando e deturpando a recepção da informação noticiosa. A repetição cíclica da imagem e a velocidade que é incutida tanto pela tecnologia como por um “metrónomo” social, que marca a batida do ritmo de vida actual, promovem a banalização do acto noticioso e o esvaziamento do conteúdo provocado pelo excesso de informação.
Paul Virilio propõe a criação de um museu de acidentes tendo como origem as numerosas imagens de acidentes difundidas pelos meios de comunicação. Virilio introduz também o conceito de Dromologia como o estudo sobre os efeitos que a aceleração provoca na sociedade e as suas implicações no surgimento de uma nova cultura de percepção e visão do mundo. Para Virilio esta observação do mundo, ou ́tele-observação`, pode padecer de um desacerto na transmissão de informação pela ausência da observação directa dos acontecimentos.

«A observação directa dos fenómenos visíveis é substituída por uma tele-observação na qual o observador não tem mais contacto imediato com a realidade observada (...) já que a ausência da percepção imediata da realidade concreta engendra um desequilíbrio perigoso entre o sensível e o inteligível, que só pode provocar erros de interpretação tanto mais fatais quanto mais os meios de tele-detecção e telecomuni- cação forem performativos, ou melhor: videoperformativos.» (Virilio, Paul, 1993, p. 23)

Paul Virilio introduz também a possibilidade de virtualização ou ficcionamento informativos, afirmando que o espectador tem tendência a confundir as noções de espaço real e espaço ficcionado, devido à imposição da actuação à velocidade da luz. Segundo Virilio, o homem vive uma noção de tempo tridimensional que origina uma alteração do conceito de trajecto e de corporeidade, que se transformam em virtuais ou numa espécie de “presente- ausente”, sem que a matéria lá esteja, reposicionando o acidente de local a geral ou até global devido ao estreitamento do mundo.
Mas não é apenas Paul Virilio que nos alerta para a confusão entre espaço real ou ficcionado. Claudia Giannetti em “La realidad de-mente y la socialización link” — nos seus apontamentos de abordagem à lógica da conduta humana no século XXI — transmite-nos a ideia de um ser humano exilado, que constrói a realidade apoiando-se na “realidade” transmitida pelos meios de comunicação, tornando-se um observador de segunda ordem, um sujeito que não observa o mundo de forma directa, mas sempre por intermédio dos meios de comunicação. Este facto provoca, segundo Claudia Giannetti, um processo de desarticulação do significado, gerando modelos de «realidade de-mente».

«O observador de segunda ordem é um sujeito exilado que constrói a sua realidade com base na realidade construída pelos meios de comunicação; vê a realidade não pelos seus próprios olhos, mas sim pelos olhos dos meios de comunicação. (...) Neste processo de inversão, consolidam-se a desarticulação do significado, a fragmentação, a superficialidade e o excesso próprios das realidades mediáticas, gerando modelos de realidade de-mente nos sujeitos exilados.» (Claudia, Giannetti, 2006, pp. 4-5)

O actual modelo informativo gera assim uma realidade transformada, na qual a compreensão da relação entre o sujeito e o mundo se altera por via de realidades ficcionadas. Para Claudia Giannetti, esse processo abre as portas ao pós-humanismo, em que o acesso do ser humano ao mundo e às realidades é feito mediante aparatos técnicos. O ser humano é transformado num operador de dispositivos, descurando a aquisição de saber e dando primazia à aquisição de dados.
Claudia Giannetti conclui também que as tecnologias de informação impuseram o seu modelo de mundo, condição sine qua non para a conformação de uma sociedade da informação, uma sociedade operadora de dados. O sentido de informação ou aquisição de conhecimentos foi alterado para um modelo de manipulação de códigos e dados veiculados pelos meios de comunicação. Esse processo dá assim origem a uma disfunção na compreensão da realidade por parte do sujeito.

Novos contributos artísticos - Arte – Media – Tecnologia – Terror

Os conceitos acima mencionados relativos tanto ao papel do espectador como hipnótico operador de dispositivos como à intervenção dos media e sua forma de transmissão da informação, saturada e veloz, são a base de reflexão para a nossa obra “Pietá Zaping dos Sentidos”.
A relação entre o media e acontecimento, deixa ao artista espaço para uma intervenção diferente da que tinha no passado quando este descrevia e perpectuava o acto guerreiro. Como nos afirma Boris Groys  em “ The Fate of art in the Age of Terror”, a função da arte como media da representação e o papel do artista como  mediador foi completamente iliminado. O actual guerreiro já não necessita do contributo do artista para perpectuar os seu actos sendo estes registados e descritos e narrados por vezes em direto pelos media actuais.
Em nosso entendimento o contributo do media retirou ao artista a função de descrição e questionamento do acto sendo este transferido para as imagens difundidads pelos mass media. Esta relação directa entre media e terror permite á arte contemporânea uma intervenção centralizada no questionamento sobre os meios de transmissão da mensagem e as suas consequências na recepção por parte do espectador.
O artista pode ocupar agora um lugar na esfera do ativismo intervindo e refletindo sobre a tecnologia e no verdadeiro impacto que os mass media tem na nossa cultura. A nossa obra Pietà – Zapping de Sentidos é sustentada nesses pressupostos.
Alguns artistas contemporâneos demonstraram no seu trabalho semelhantes preocupações às de Pietà – Zapping de Sentidos. Iván Marino e Thomas Hirschhor recorrem igualmente a imagens reais veiculadas pelos meios de comunicação e ambos demonstram a sua inquietude relativamente aos dispositivos de transmissão e seus conteúdos.
Marino, na sua obra generativa Sangue (2006)[1], inserida na serie Os Desastres, recorre a imagens reais de um bombardeamento mostrado de forma aleatória por intermédio de um algoritmo especialmente programado para a peça. Marino, também questiona a noção de realidade e a reestruturação da narrativa transmitida através do media.
Hirschhorn[2] recorre ao imaginário da violência com base em fotografias provenientes de meios de comunicação. Para Hirschhorn, simplesmente saber ou conhecer não é suficiente; é necessário ver de modo a criar uma envolvência efectiva. Hirschhorn questiona a perda da capacidade de reacção em relação aos actos de barbárie e à incapacidade de actuação por parte daqueles que assistem ou testemunham estes acontecimentos.
As interferências artísticas que influenciam a produção de Pietà – Zapping de Sentidos não se encontram apenas em obras da actualidade. Nam June Paik na sua obra Global Groove (1973) antecipa a televisão do futuro como dispositivo de comunicação global, num mundo saturado de imagens mediáticas. Paik apresenta nesta obra uma colagem alucinante de imagens de iconografia pop, saturadas na cor com o intuito de subverter a linguagem televisiva.
Por outro lado, o colectivo Ant Farm, na sua obra The Eternal Frame (1975), reencena o assassinato de John Kennedy, antecipando uma das actuais características da notícia televisiva: o dramatismo como um novo tipo de evento televisivo.
Doug Hall também em Amarillo News Tapes (1980) e This is the Truth (1982) contesta a noção de verdade e manipulação no contexto dos media.



Pietà – Zapping de Sentidos – uma vídeo instalação [3]

As imagens da nossa videoinstalação começam por se apresentar “cruas” e muito próximas do que consideramos uma representação realista. A proximidade do espectador altera a imagem projectada dando origem a uma sequência repetitiva e saturada de informação até atingir o imperceptível.
Pietà – Zapping de Sentidos, emprega uma estética audiovisual que acentua a saturação da imagem a fim de reforçar o sentimento de dramatismo. Esta saturação pictórica encontra uma ligação conceptual com a saturação da informação própria dos meios mediáticos.
A sua opção estética baseada na repetição, saturação e velocidade encontra eco na interpretação de Ignacio Ramonet, que analisa a saturação e a superabundância de informação como um estereótipo de mercadoria multiplicada da indústria cultural. Esta superabundância de informação torna-se, assim, geradora de um novo tipo de censura, potenciadora de um poderoso factor de apatia e inércia que conduz o espectador ao imobilismo e ao desinteresse.
A videoinstalação Pietà – Zapping de Sentidos, pretende provocar uma reflexão acerca do teledrama, o acto de transmissão do drama pelos meios de comunicação.
A nossa reflexão incide nas consequências do acto terrorista, dando forma ao conceito de Zapping de Sendidos, sustentado pelo somatório dos seguintes factores: a conduta humana perante o drama gerado por actos terroristas; a banalização do acto de assistir ao drama em directo pelos media; as condutas editoriais geradoras de manipulação mediática; o esvaziamento do conteúdo noticioso provocado pelo excesso de informação; e a velocidade com que a informação noticiosa é substituída por outra distinta devido à obrigatoriedade de compromissos comerciais.
Pietà – Zapping de Sentidos pretende abordar de uma forma pessoal e crítica a conduta humana e o seu comportamento em situações de drama gerados por acções de terror.
Para uma melhor compreensão desta justificação conceptual damos a conhecer alguns aspectos formais da obra. Pietà – Zapping de Sentidos é uma videoinstalação que integra elementos do universo hospitalar. Uma cadeira de rodas e uma maca, sendo esta última o suporte receptor de uma vídeo projecção. A solução formal da obra assume uma relação com a geometria da escultura de Miguel Ângelo — La Pietà —, sendo que a cadeira é representativa da Mãe, e a maca onde se encontra assente está dividida em três planos, representando o corpo do Filho no seu colo.
A videoprojecção é composta pela projecção de dois vídeos que ocorrem em dois momentos distintos. O vídeo inicial está sempre presente até surgir um espectador à distância de dois metros da videoinstalação. Essa presença dá origem à projecção de um segundo vídeo, cuja velocidade aumenta conforme a proximidade do espectador. A solução estética proposta no primeiro momento de projecção não pretende ter qualquer carácter narrativo, sendo composta por um ciclo repetitivo de imagens representativas de “ruído” visual.
Pietà – Zapping de Sentidos aborda, desta forma, a ausência de conteúdo veiculada pelo media televisão e a sua eficácia comunicacional.
Em Pietà – Zapping de Sentidos o significado de inocência é representado pela imagem da criança, sendo este o elemento dominante da segunda videoprojecção.
A personagem criança encontra-se continuamente representada nos braços de alguém após ter sido alvo de um acto de terror. A situação de estar nos braços de alguém poderá aqui assumir várias conotações, tanto de regaço como de protecção ou piedade.
A obra assume, assim, uma relação formal com a imagem de Cristo no regaço da Mãe, à semelhança da escultura La Pietà de Miguel Ângelo. Sem pretender ter qualquer associação religiosa com a escultura renascentista, a obra pode apenas identificar algumas relações comuns com a obra de Miguel Ângelo, nomeadamente no seu valor iconográfico e na representação do pathos associado ao momento dramático.
Relativamente à utilização de objectos do universo hospitalar como elementos escultóricos, partimos do princípio de que neste contexto a simbologia hospitalar está associada ao sofrimento e à dor.
Pietà – Zapping de Sentidos promove, por isso, um despertar para a indignação, desejando provocar um sentimento de desconforto relativamente ao crescente sentimento de apatia e por vezes de rejeição provocados pelo excesso de informação mediática.
É nossa convicção que o sentimento provocado por esta massificação tende cada vez mais a ser banalizado, sendo a afecção de revolta e agonia rapidamente substituída por outra distinta, por via da recepção de novos e distintos conteúdos informativos. O pathos é assim facilmente substituído pelo apelo à compra por via do compromisso comercial, ou pela última notícia escaldante relativa à intimidade de um personagem conhecido. Por outras palavras, o que há pouco era gerador de agonia tornou-se efémero, dando lugar à assimilação da informação seguinte.
Pietà – Zapping de Sentidos ser consustada em http://ruilanca-inquietudes.blogspot.pt/

Imagens de  Pietà – Zapping de Sentidos.

Representação da relação formal entre Pietà - Zapping de Sentidos e a Pietà de Miguel Ângelo


Imagens da segunda videoprojecção

Borradori, Giovanna. Filosofia em tempo de terror. Porto: Campo das Letras, 2004.

Giannetti, Claudia. “La razón caprichosa del siglo XXI. La realidad de-mente y la
socialización link” in Claudia Giannetti (Ed.) La razón caprichosa en el siglo XXI - Los
avatares de la sociedad posindustrial y mediática. Las Palmas: Gran Canaria Espacio
Digital, 2006.

Ramonet, Ignacio. Propagandas Silenciosas. Porto: Campo das Letras, 2001.

Ramonet, Ignacio. A Tirania da Comunicação. Porto: Campo das Letras, 1999.

Sontag, Susan. Olhando o Sofrimento dos Outros. Lisboa: Gótica, 2007.

Virilio, Paul. O Espaço Crítico e as Perspectivas do Tempo Real. Rio de Janeiro:
Editora 34, 1993.

http://ruilanca-inquietudes.blogspot.pt/



[1] Marino, Iván, Sangue (2006), da Serie Os desastres. Homepage oficial de Iván Marino, website: http://www.ivan-marino.net/sangue.htm.
[2] Hirschhorn, Thomas, The Incommensurable Banner (2008), in: Brighton Bienal. Memory of Fire. 3.10.2008. Homepage oficial de Brighton Photo Biennial 2008, website: http://2008.bpb.org.uk/2008/blog/3229/thomas-hirschhorn-the-incommensurable-banner.
[3] http://ruilanca-inquietudes.blogspot.pt/

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Vídeo da minha tese de Mestrado - uma inquietude, portanto



Pietà – Zapping de Sentidos é uma videoinstalação composta por uma projecção de vídeo e dois objectos do quotidiano hospitalar: uma cadeira de rodas e uma maca de transporte de doentes.
Nessa videoinstalação o espectador assume um papel participativo, uma vez que a velocidade da reprodução do vídeo projectado está subordinada à proximidade e ao movimento do visitante em relação à obra.
Pietà – Zapping de Sentidos tem como propósito provocar uma refl exão sobre a conduta e as acções humanas associadas às actuais acções terroristas. O vídeo projectado recorre a imagens de crianças em sofrimento — como representação simbólica da inocência
— após terem sido alvo de um ataque terrorista. Estas imagens provêem dos meios de comunicação, que são também motivo de abordagem, em particular no modo de transmissão da informação de características dramáticas.
Pietà – Zapping de Sentidos lança, assim, uma crítica ao actual modelo adoptado pelos media, baseado na velocidade de transmissão da informação-espectáculo, gerador de uma nova percepção dos conteúdos informativos.